O roteiro dos vinhos na ceia

Diz o ditado que o melhor da festa é esperar por ela. Nós aqui, do Guia dos Vinhos, traduzimos esta espera pelo tempo dedicado a escolher os vinhos para as ceias de Natal e de Réveillon. Como toda data festiva, ela começa com um espumante – por aqui, aliás, iniciamos a escolha dos rótulos já com uma taça de espumante ao lado. É uma boa inspiração.

No guia, são listados 32 espumantes em estilos diversos, e nem todos têm as festas como indicação de consumo. Nos últimos anos, os espumantes conseguiram romper a barreira das comemorações e se tornaram uma bebida que pode (e deve) ser provada em qualquer ocasião. Mas não perderam o seu espaço festivo. Assim, a escolha do rótulo vai depender das receitas para a ceia. Mas vale começar com uma garrafa nos estilos brut, nature ou extra-brut. Elas são as mais secas na escala de doçura das borbulhas e uma das regrinhas para não errar na harmonização é partir das bebidas menos doces para as mais adocicadas.

Além disso, são espumantes que combinam bem com a maioria dos aperitivos servidos nas ceias e com muitos dos pratos de entrada. Frutas secas, tortas, quiches, saladinhas estão no universo de receitas que casam com esses espumantes.

Mas se será um cava, um representante brasileiro, um italiano franciacorta ou com champanhe vai depender do quanto cada um vai investir na ceia. Se as receitas tiverem também toques de frutas, os rosados combinam a perfeição.

No jantar, vale oferecer tantos brancos como tintos, mas lembrando que a maioria das receitas natalinas tendem a harmonizar com brancos. As carnes de porco pedem vinhos com maior acidez, exatamente para quebrar a sua gordura (brancos secos e alguns espumantes, conforme a receita, são as melhores pedidas). Assim como os molhos e os preparos agridoces, das farofas incrementadas com damascos e afins, e dos arrozes com uvas passas, ao abacaxi que acompanha um tender, pedem brancos também aromáticos e uvas como viognier (há 6 sugestões no guia), gewurztraminer (3 sugestões), entre outras.

O bacalhau também vai de branco, na maioria dos seus preparados. Para quem gosta das combinações regionais, a uva encruzado é um dos pares para este pescado (o vencedor do ranking Dez Mais entre R$ 201 e R$ 300 traz uma mescla desta uva). Os tintos entram com o bacalhau, na eterna discussão dos portugueses se esse pescado combina com branco ou com tinto. Só escolha tintos de estilo mais leve, evitando os encorpados, como um tannat ou um alicante bouschet, se a ideia for combinar com os pescados.

Mas não relegue os tintos. Eles acompanham muito bem receitas como cordeiros e um bom filet, que não faltam em muitas casas e são os preferidos de muitos convidados (e anfitriões também). Os tintos lideram com cerca de 70% do consumo do brasileiro.

As duas ceias pedem os chamados vinhos de sobremesa. O Porto é o mais lembrado, principalmente para quem não abre mão do chocolate no final. Rabanadas combinam muito bem com o PX, o estilo mais doce de jerez, e os panetones com frutas secas vão bem com os vinhos de estilo asti (há os italianos e também muitos brasileiros, da família dos moscatéis). Aqui só uma regrinha preciosa nesta combinação: o vinho deve ter o nível de doçura igual ou acima da sobremesa, caso contrário, ele vai desaparecer na boca.

Mas a nossa sugestão é não fazer das regras uma camisa de força. Elas devem guiar o jantar, mas podem ser burladas. Se o cunhado gosta de peixe com tinto encorpado, isso não deve tirar a alegria do Natal. Ele vai ser feliz nesta combinação.

No réveillon, há quem prefere deixar a melhor garrafa para a meia-noite. Mas aqui, novamente, é caso a caso. Se você vai consumi-la ao pular as sete ondinhas ou em uma taça plástica, descartável, vale brindar a chegada de 2024 com uma borbulha mais simples – garantimos que seu ano não será melhor ou pior por isso! Opte pelos rótulos premium apenas se achar que vai conseguir mesmo prestar atenção na bebida que tem na taça e não na beleza dos fogos de artifício.

E é com um brinde que agradecemos a todos os nossos leitores e parceiros neste ano de 2023 por acreditar no projeto do Guia dos Vinhos.

Sabemos que apostar nesta primeira edição foi confiar em um projeto inédito, que nasceu da ideia de ser um porto seguro para ajudar o consumidor a escolher seu vinho, na imensidão de rótulos disponíveis no mercado. De ser uma espécie de um GPS para a compra segura dos melhores vinhos e tendo o preço também como parâmetro. E brindamos a 2024!